Sinais e Sintomas
O que distingue as enfermidades são os seus sinais (manifestações objectivas, mensuráveis) e sintomas (manifestações subjectivas, não mensuráveis).
- Pacientes diferentes têm sintomas de graus diferentes -
Os principais sintomas físicos que afectam os doentes de Parkinson são: tremores, rigidez muscular, movimentos lentos, postura anormal e perda de equilíbrio.
1. Tremores: os tremores, de uma ou de ambas as mãos, são o primeiro sintoma mais comum. Ocorrem quando o paciente está a descansar e reduzem ou param mesmo quando o membro está em acção. São muito lentas – cerca de cinco tremores por segundo e são cadenciadas. Normalmente, desaparecem quando o doente está a dormir e aumenta de intensidade em momentos de ansiedade.
2. Rigidez: entende-se por rigidez a diminuição da flexibilidade e uma sensação de esforço para mover o membro, o qual se sente pesado e fraco. Contudo, a perda de forças não é uma característica da doença de Parkinson.
3. Movimentos lentos: a lentidão de movimentos pode ser sentida de três maneiras: falta de movimentos espontâneos (acinésia), limitação na execução de movimentos (hipocinésia) e lentidão durante o próprio movimento (bradicenesia). A caligrafia do doente tende a tornar-se cada vez mais pequena e pode mostrar sinais de tremores.
4. Problemas de postura: a estabilidade postural avalia-se pela capacidade de realização das actividades motoras no quotidiano, em particular nas situações em que se efectuam várias tarefas em simultâneo. A posição curvada do pescoço e tronco desenvolve-se tardiamente na doença e descreve o modo como os braços estão posicionados com os cotovelos e punhos ligeiramente curvados; as pernas podem também estar flectidas nas ancas e joelhos. As causas da instabilidade postural não estão completamente identificadas e múltiplos factores podem contribuir para o défice de controlo postural.
5. Perda de equilíbrio: a perda de equilíbrio acompanha, muitas vezes, problemas de postura. Os doentes têm dificuldade em evitar passos em falso ou tropeçam (falta de reflexos) e como consequência disto têm tendência para cair. Inclinam-se para a frente do seu centro de gravidade e, não se conseguindo controlar, um passeio pode tornar-se numa corrida (chamada festinação pelos médicos, do latim festinare: apressar-se). Quando são empurrados levemente, os doentes podem começar a correr descontroladamente ou cair para trás.
Daqui surgem outras dificuldades, como é o caso de:
· Dificuldade em apertar botões;
· Incapacidade de se virar;
· Incapacidade de se levantar;
· Rostos sem expressão;
· Quedas frequentes;
· Pés gelados;
· Pele oleosa;
· Incapacidade de pestanejar;
· Passos desajeitados;
· Comer devagar;
· Membros rígidos
Quando o médico examinar o doente, notará certos sinais, apesar destes, assim como os sintomas, poderem variar muito de paciente para paciente e mudarem no próprio indivíduo, consoante as alturas: os seus movimentos podem ser visivelmente lentos (bradicinesia); levanta-se de uma cadeira lentamente ou caminha lentamente com passos curtos até ao consultório do médico; pode ter leves tremores cadenciados de uma ou ambas as mãos, que desaparecem ao agarrar uma cadeira ou segurar num objecto ou quando o médico dobra ou estica o seu pulso, braço ou pernas, pode sentir uma certa resistência.
Movimentos automáticos: os movimentos perceptivelmente trabalhados. A maioria das pessoas faz movimentos automáticos inconscientes (pestanejar), mas os doentes de Parkinson não têm essa capacidade.
Aparência facial e fala: o rosto pode ter uma certa falta de expressão, os olhos olham fixamente e em casos avançados há uma tendência para salivar. Isto acontece, não por haver uma salivação excessiva, mas devido a uma deficiência em engolir a saliva, o que fazemos inconsciente e automaticamente. A voz torna-se fraca, por vezes rouca (disfonia) e as palavras podem tornar-se indistintas (disartria)
Disfunção vesical, gastrointestinal e sexual: a prisão de ventre é um factor invariável. É causada devido aos movimentos “preguiçosos” dos músculos intestinais, o que também acontece com os membros. Não é um sintoma grave, mas causa grandes preocupações, especialmente nas pessoas mais idosas. O músculo da bexiga também se contrai menos o que leva o paciente a urinar frequentemente, com uma certa urgência, embora pouca quantidade. Nos homens mais idosos, o aumento da próstata pode agravar os problemas, levando-os a urinar com pouco fluxo e necessitando de se levantar a meio da noite para urinar. A incontinência não ocorre nas fases iniciais da doença. Este problema pode ser melhorado à base de drogas como a oxibutirina. Os sintomas da disfunção sexual passam pela disfunção eréctil, alteração da ejaculação e do orgasmo.
Dificuldades em engolir: ocasionalmente, a doença pode provocar dificuldade em engolir, mas é necessário realizar testes especiais para se certificar que este sintoma não é devido a outras causas, que não o parkinsonismo.
Alterações do sono: numa abordagem pragmática podemos considerar 4 situações distintas induzidas pelas alterações do sono na DP – alterações de sono nocturnas; sonolência diurna; episódios de adormecimento súbito e benefício do sono. O termo benefício do sono designa o fenómeno em que, após uma noite de sono, os sintomas de parkinsonismo estão melhores de manhã ao acordar e antes de qualquer toma de medicação.
Outros problemas: normalmente, há certas características que aparecem após muitos anos da doença se ter declarado. A maioria dos pacientes consegue caminhar, falar claramente, trabalhar e gozar actividades de lazer, durante muitos anos. Na maioria dos pacientes, os modernos tratamentos especializados, realizados por neurologistas controlam os sintomas com eficácia. Há outros problemas que ocasionalmente podem preocupar o doente. Para a maioria, a dor não é um problema grave, apesar da rigidez no pescoço, costas e membros serem comuns. Devido à redução dos movimentos automáticos, pode sentir-se o ombro rígido ou gelado. Isto é doloroso e impede os homens de tirarem a carteira do bolso traseiro e, às mulheres, causa problemas em apertar os fechos e os soutiens. Ocasionalmente os pacientes são afectados pela cãibra dos escritores. Efeitos secundários resultantes de certas drogas podem também provocar estes sintomas.
Referências bibliográficas
1. Levy, Alice; Ferreira Joaquim. Manual Prático da Doença de Parkinson
2. Pearce, Dr. John. Doença de Parkinson, 22-74, (1999).